20140612

Temos sofrido com estiagens, alagamentos, epidemia de dengue... A lista das mazelas é grande.
Mas o que isso importa agora, não é mesmo?
A Copa "DO" Brasil está começando!
O circo já está montado e o processo de decomposição social vai muito bem.
Parafraseando alguém "a Seleção pode até ganhar a taça, mas o Brasil já perdeu".

20130730

Questionamentos

Minha mãe sempre diz: Não há dor que dure para sempre!
Tudo é vário. Temporário. Efêmero. Nunca somos, sempre estamos!
E, apesar de saber de tudo isso, por que algumas dores duram tanto?
Por que alguns sentimentos (diga-se de passagem, os mais ridículos) demoram tanto a passar?
Por que olhar pra ele reaviva esperanças perdidas e suscitas lágrimas quentes até então contidas?
Por que o cérebro ainda não inculcou no coração que esquecer faz bem a sáude?
Por que tudo não pode ser como um bonito filme francês?

- Chico Buarque

E, finalmente: apesar de tudo, isso nunca vai passar, Miguel?
Por quê?!

Ode ao gato



Bichos polêmicos sem o querer, porque sábios, mas inquietantes, talvez por isso. Nada é mais incômodo que o silencioso bastar-se dos gatos. O só pedir a quem amam. O só amar a quem os merece. O homem quer o bicho espojado, submisso, cheio de súplica, temor, reverência, obediência. O gato não satisfaz as necessidades doentias do amor. Só as saudáveis. Lembrei, então, de dizer, dos gatos, o que a observação de alguns anos me deu. Quem sabe, talvez, ocorra o milagre de iluminar um coração a eles fechado? Quem sabe, entendendo-os melhor, estabelece-se um grau de compreensão, uma possibilidade de luz e vida onde há ódio e temor? Quem sabe São Francisco de Assis não está por trás do Mago Merlin, soprando-me o artigo?

Já viu gato amestrado, de chapeuzinho ridículo, obedecendo às ordens de um pilantra que vive às custas dele? Não! Até o bondoso elefante veste saiote e dança a valsa no circo. O leal cachorro no fundo compreende as agruras do dono e faz a gentileza de ganhar a vida por ele. O leão e o tigre se amesquinham na jaula. Gato não. Ele só aceita uma relação de independência e afeto. E como não cede ao homem, mesmo quando dele dependente, é chamado de arrogante, egoísta, safado, espertalhão ou falso. "Falso", porque não aceita a nossa falsidade com ele e só admite afeto com troca e respeito pela individualidade. O gato não gosta de alguém porque precisa gostar para se sentir melhor. Ele gosta pelo amor que lhe é próprio, que é dele e ele o dá se quiser.

O gato devolve ao homem a exata medida da relação que dele parte. Sábio, é espelho. O gato é zen. O gato é Tao. Ele conhece o segredo da não-ação que não é inação. Nada pede a quem não o quer. Exigente com quem ama, mas só depois de muito certificar-se. Não pede amor, mas se lhe dá, então ele exige. Sim, o gato não pede amor. Nem depende dele. Mas, quando o sente, é capaz de amar muito. Discretamente, porém sem derramar-se. O gato é um italiano educado na Inglaterra. Sente como um italiano mas se comporta como um lorde inglês.

Quem não se relaciona bem com o próprio inconsciente não transa o gato. Ele aparece, então, como ameaça, porque representa essa relação precária do homem com o (próprio) mistério. O gato não se relaciona com a aparência do homem. Ele vê além, por dentro e pelo avesso. Relaciona-se com a essência. Se o gesto de carinho é medroso ou substitui inaceitáveis (mas existentes) impulsos secretos de agressão, o gato sabe. E se defende do afago. A relação dele é com o que está oculto, guardado e nem nós queremos, sabemos ou podemos ver. Por isso , quando surge nele um ato de entrega, de subida no colo ou manifestação de afeto, é algo muito verdadeiro, que não pode ser desdenhado. É um gesto de confiança que honra quem o recebe, pois significa um julgamento.

O homem não sabe ver o gato, mas o gato sabe ver o homem. Se há desarmonia real ou latente, o gato sente. Se há solidão, ele sabe e atenua como pode (ele que enfrenta a própria solidão de maneira muito mais valente que nós). Se há pessoas agressivas em torno ou carregadas de maus fluidos, ele se afasta. Nada diz, não reclama. Afasta-se. Quem não o sabe "ler" pensa que "ele não está ali. Presente ou ausente, ele ensina e manifesta algo. Perto ou longe, olhando ou fingindo não ver, ele está comunicando códigos que nem sempre (ou quase nunca) sabemos traduzir.

O gato vê mais e vê dentro e além de nós. Relaciona-se com fluidos, auras, fantasmas amigos e opressores. O gato é médium, bruxo, alquimista e parapsicólogo. É uma chance de meditação permanente a nosso lado, a ensinar paciência, atenção, silêncio e mistério. O gato é um monge portátil à disposição de quem o saiba perceber. Monge, sim, refinado, silencioso, meditativo e sábio monge, a nos devolver as perguntas medrosas esperando que encontremos o caminho na sua busca, em vez de o querer preparado, já conhecido e trilhado. O gato sempre responde com uma nova questão, remetendo-nos à pesquisa permanente do real, à busca incessante , à certeza de que cada segundo contém a possibilidade de criatividade e de novas inter-relações, infinitas, entre as coisas.

O gato é uma lição diária de afeto verdadeiro e fiel. Suas manifestações são íntimas e profundas. Exigem recolhimento, entrega, atenção. Desatentos não agradam os gatos. Bulhosos os irritam. Tudo o que precise de promoção ou explicação, quer afirmação. Vive do verdadeiro e não se ilude com aparências. Ninguém em toda natureza aprendeu a bastar-se (até na higiene) a si mesmo como o gato!Lição de sono e de musculação, o gato nos ensina todas as posições de respiração ioga. Ensina a dormir com entrega total e diluição recuperante no Cosmos. Ensina a espreguiçar-se com a massagem mais completa em todos em todos os músculos, preparando-os para a ação imediata. Se os preparadores físicos aprendessem o aquecimento do gato, os jogadores reservas não levariam tanto tempo (quase 15 minutos) se aquecendo para entrar em campo. O gato sai do sono para o máximo de ação, tensão e elasticidade num segundo. Conhece o desempenho preciso e milimétrico de cada parte do seu corpo, a qual ama e preserva como a um templo.

Lição de saúde sexual e sensualidade. Lição de envolvimento amoroso com dedicação integral de vários dias. Lição de organização familiar e de definição de espaço próprio e território pessoal. Lição de anatomia, equilíbrio, desempenho muscular. Lição de salto. Lição de silêncio. Lição de descanso. Lição de introversão. Lição de contato com o mistério, com o escuro, com a sombra. Lição de religiosidade sem ícones. Lição de alimentação e requinte. Lição de bom gosto e senso de oportunidade. Lição de vida, enfim, a mais completa, diária, silenciosa, educada, sem cobranças, sem veemências, sem exigências.


O gato é uma chance de interiorização e sabedoria posta pelo mistério à disposição do homem.

(Fabulosamente escrito por Artur da Távola)

20130508

Dez anos estão se passando...


Dez anos apenas que essas turbulências começaram.
A crise continua, a dor de existir ainda me visita [como agora].
Agora, porém, posso dizer que sigo um pouco mais serena desde que entendi o que acontecia comigo, e passei a acreditar que não tinha razões para permanecer. Ainda não sei se consegui essas razões, mas optei por seguir e, pensando que devia, esperei [e tenho esperado] em Deus sempre dizendo pra mim mesma que, se existe uma razão, é Ele; se estou aqui, é por Ele.
O 138º dia se aproxima, e, como tenho sobrevivido, penso que deveria ser comemorado, mas o desânimo está aqui. Não sei se será [optei por fazer isso nos últimos três anos, mas a impressão que tive - de alguns amigos que tenho como melhores- foi a de que não se importavam]. 
Ah, e tem uma afirmação do Drummond que, nos últimos dias, julguei ter entendido:
"Se procurar bem, você acaba encontrando não a explicação (duvidosa) da vida, mas a poesia (inexplicável) da vida".

Paz e bem a todos!

20130329

Desejo de amar?!

No último sábado, dia 23, estive com o Miguel e com alguns amigos seus para comemorar, na casa de sua família, sua formatura e a aprovação na OAB (cujo resultado saira na véspera).
Ao percebê-lo, vê-lo, examiná-lo, ficar a olhá-lo, percebi que já não sentia nada. Tudo tranquilo! E estranho.
Logo em seguida, me veio um desejo de ainda gostar dele; de poder dizer que ainda o amava. Mas, não podia. Já não o sentia. E foi só!
Tudo transcorreu tranquilamente considerando que, naquele momento, o único sentimento que eu nutria, além da felicidade por suas conquistas, era o da mais profunda e sincera amizade. Mas, ao me despedir, comecei a lamentar tudo o que poderia ter sido. Ao percorrer o caminho de volta com a Luh até o Mundo Novo, sentia como se não mais fosse andar por aquele trecho. Entristeci-me.
Hoje, passados seis dias, o que mais me impressiona nisso tudo, é essa minha vontade de querer fazer com que certo sentimento de dor se prolongue. Pois, como posso esquecer que nos últimos tempos ele já não me correspondia nem mesmo com sua amizade?
Então, o que seria esse desejo?
Desejo de, simplesmente, poder dizer que amo - embora sozinha?!
Acaso me esqueço de muito ter rezado suplicando para esquecê-lo?!
Que paradoxo!
 

20130124

Reminiscências...

... que apareceram quando resolvi reler antigos e-mail's.

Tempos aparentemente tranquilos.
"Aparentemente" pra qualquer outra pessoa que consiga lembrar-se de mim há 8 anos.
Na realidade, foram os tempos em que mais questionei a existência, em que mais me inquietei com isso.

",
[Acho que com esse sorrisinho, o leitor - se há - conseguirá entender que agora sou conformada]

Tempos das declarações apaixonadas do meu amigo Francisco quando eu só podia corresponder com minha amizade. Olhando pra lá [trás], como o amor dele parecia puro!

E já vi também algumas felicitações pela passagem do 138º dia.
Acho estranho que nunca consiga me lembrar do de '06 [será porque os momentos de inquietude aumentaram?!]...
Lembro-me bem do de '05: encontrei minha cara amiga Valdécia na rua e respondi ao seu cumprimento de maneira nada gentil.
Em '07, recebi a visita da Beth e da Alê... A noite de 6ª prometia algo, mas não fez mais do que isso [e os conflitos daqui de casa, eram de novo, dos mais turbulentos].
Em '08, num domingo - como em '03 - , eu não estava preparada p/ ficar em casa: fui me trancar em casa da Luiza junto com a Beth, em Fortaleza. Tempos de Felipe... :) E que interessante! Agora vejo como consegui conservar minha serenidade e, olhando pra mim voltando pra casa naquele ônibus, até diria que era uma adulta madura capaz de aconselhar meu primo Edson [10 anos mais velho].
Em '09, o TCC da graduação me atormentava e fui passar a noite na biblioteca municipal. [Haha... Meu Deus!]
[A:::h, e já ia esquecendo! Pedi a Beth que viesse porque eu não queria ficar sozinha. Sendo assim...

Em '10, resolvi comemorar! Considerava uma graça incrível que esse ano tivesse chegado pra mim [aquela inquieta, inconformada com a existência, lembra-se, leitor?!]
Na terça-feira, saí com minha mãe, L Ane e Bell. Olhando daqui, digo: bons tempos!
E no fim de semana, consegui reunir a Sis, Luciana e L Ane.. Não deixei de compartilhar com elas minha admiração por ter conseguido chegar a essa data.

Em '11, resolvi repetir a comemoração [e digamos também, bebemoração]. Lá estava Beth, Luiza [que 'trouxeram' como surpresa] e o meu querido Rinald.
E como esquecer o depô do Miguel por telefone [que depois foi também registrado no Orkut e no Face]?!
"Ela pode ser a razão pela qual sobrevivo
O porquê e o motivo de eu estar vivo
A única que que eu vou cuidar prontamente ao longo dos anos durante as adversidades.

E '12 já foi estranho... Acredito que voltei a gostar de comemorar a data [só pode, né?]
Como caiu numa sexta-feira, acreditei que conseguiria reunir a todos: Magda, Beth, L Ane, Sis, Luh, Bell, Rinald, José...

Mas não. E desanimei deixando que os queridos Rinald, Sis e Edel percebessem.

Caríssimos amigos...
Grandiosas graças de Deus...

Vamos, então, ver o que mais deve surgir.
Acabo de começar a "folhear" uma parte do passado que ficou registrada nessa rede.

[18.I.'13]

20121201

Leite, leitura
letras, literatura,
tudo o que passa,
tudo o que dura
tudo o que duramente passa
...tudo o que passageiramente dura
tudo, tudo, tudo
não passa de caricatura
de você, minha amargura
de ver que viver não tem cura.

[Paulo Leminski]